Alan Phillipsen nasceu em Toledo/PR e foi diagnosticado com fibrose cística aos 3 anos de vida, depois de muitas intercorrências, muitos problemas, muitas internações por pneumonias, a ponto dos médicos falarem para a mãe Esther e para seu pai Euclides que o menino teria pouco tempo de vida devido às poucas opções de tratamento na época.
Um ano depois, a família se mudou do Paraná para Florianópolis por que, por algum motivo, eles tinham a intuição de que o clima do litoral e a maresia ajudariam nos problemas respiratórios do menino. A qualidade de vida mudou, mas a doença se mantinham lá. Por conta disto, passaram por mais médicos, novos medicamentos e outras internações.
Tudo isso até Alan conhecer o esporte! Com um pai que gostava muito de futebol, as brincadeiras com bola fizeram parte da infância do menino. Aos 9 anos ele entrou na escolinha do Torino (Vitorino Lopes Garcia, ex-meia do Grêmio, ídolo da torcida no início dos anos 70). A experiência com o craque o levou à escolinha do Grêmio, em Porto Alegre, mas, os médicos se preocuparam com a condição de saúde do adolescente que, apesar de estar em excelente forma física e apresentar um ótimo futebol, já apresentava lesões nos pulmões que preocupavam a comissão técnica.
Mesmo assim Alan foi, por conta própria, para Pato Branco/PR jogar no River F.C, que é a equipe amadora da Associação Rio Vermelho. Nessa época, Alan tinha uma rotina intensa de treinos. Todos os dias fazia musculação, corria cerca de 10Km em uma hora, jogava futebol society quatro vezes por semana, treinava no clube aos sábados de manhã e disputavas os jogos no domingo à tarde.
“Os poucos anos de vida que os médicos me davam como expectativa viraram 15, veio a adolescência, onde encontrei algumas barreiras. A dificuldade para ganhar peso e a tosse frequente faziam com que as pessoas próximas me questionassem, e até eu mesmo me questionava: por que logo eu sou assim?”
Tudo ia muito bem até que em 2014, durante uma pelada com os amigos, Alan quebrou a perna: era sua primeira lesão séria em 19 anos.
“Bastou um ano parado e pronto, minha vida tomou um novo rumo…”
O tempo parado fez a saúde piorar e o levaram a mais uma internação, mas essa foi diferente de todas as outras. Ele ficou 15 dias em tratamento e no último dia veio a notícia do seu médico: “Alan, você não vai conseguir respirar sem oxigênio”.
“Meu mundo desabou. Foi um momento muito difícil. Fui para casa e precisava enfrentar mais essa guerra e a vergonha de usar o bendito oxigênio.”, ele conta. Um mês depois, teve mais uma internação e ao final de mais 15 dias, uma notícia que abalou as forças do atleta: “Alan, a única opção que temos é a fila de transplante pulmonar”.
Não foi fácil, Alan pediu um tempo para equipe e foram necessários três meses para decidir fazer a cirurgia.
Uma coisa que contou muito foi que, ao falar com o Dr. J.J. Camargo, perguntei se voltaria a jogar futebol depois do transplante, e ele me disse que sim!
Mais uma mudança de estado, uma nova adaptação, e uma prova de amor da minha família. Mudamos para Guaíba, cidade da região metropolitana de Porto Alegre para que fosse possível ficar perto do Complexo Hospitalar da Santa Casa para a necessária reabilitação e a espera de uma chamada.
No começo, Alan não aceitou bem a mudança de condição e ficava o dia todo dentro de casa. Até encontrar uma nova família de amigos em Guaíba, verdadeiros anjos que, juntamente com os de Floripa, deram-lhe forças pra continuar.
Alan mudou seu estilo de vida. Dedicou-se intensamente aquela que seria a sua única chance. Após 10 meses de espera, ele foi chamado para o transplante. A primeira vez o órgão não estava apto, mas aquilo lhe deu ânimo, a certeza de que estava perto. Então, resolveu intensificar os exercícios. Utilizando oxigênio, mantinha uma rotina em casa e na reabilitação da Santa Casa.
Dia 15 de setembro às 2 horas da manhã, recebemos a ligação: “Alan, temos um pulmão pra ser avaliado pra você“.
Daqui por diante, é melhor deixar ele mesmo contar:
“Naquele momento, eu soube que era o MEU momento, uma mistura de medo, euforia, alegria e outros sentimentos extremos. Chegamos ao hospital e aguardamos a confirmação. Pronto: às 13h iniciou o transplante que durou 9 horas e foi um sucesso! Passei 7 dias na UTI e 14 dias de recuperação no quarto. Três semanas até a alta hospitalar!
Agradeço ao meu doador e a família que autorizou a doação de órgãos que em um momento de dor e sofrimento pensaram no amor ao próximo. Agradeço a minha família, pois sem ela eu não seria nada, por não desistirem em momento algum, por me colocarem sempre pra cima pra que eu pudesse alcançar meus objetivos e o tão sonhado dia. Agradeço aos pneumologistas e fisioterapeutas que cuidaram da minha saúde desde pequeno em Florianópolis e me deram qualidade de vida, assim como os novos anjos fisioterapeutas e pneumologistas que continuaram meus cuidados em Porto Alegre. Agradeço meus amigos de Florianópolis que sempre que precisei se deslocaram para que pudessem me ver e me animar inúmeras vezes, assim como agradeço os novos amigos de Guaíba que me acolheram de uma forma que nunca imaginaria. Agradeço a equipe de cirurgia em geral, médicos, anestesistas, equipe da UTI, fisioterapeutas e a todo o suporte, que não são menos importantes, pessoal da limpeza, da cozinha, técnicos(as) e enfermeiros(as), do hospital Dom Vicente Scherer. Enfim, agradeço a Deus pela vida nova.
A caminhada é longa, mas a oportunidade me foi concedida e é transbordando de alegria que agradeço.”
Passados apenas dois meses do transplante, Alan fala nos planos para o futuro. E é claro que o esporte faz parte deles! Em um ano ele pretende participar dos Jogos Sul-americanos para Transplantados na Argentina junto com o também paranaense Gabriel Ciochetta também transplantado recentemente e incentivados por ninguém menos que Liège Gautério, bicampeã dos 100m nos Jogos Mundiais para Transplantados. Alan pretende formar uma dupla de vôlei de praia com Gabriel! Gabriel já jogava vôlei e Alan, enquanto esperava pelo transplante, disputou e venceu um campeonato de vôlei de paria em Guaíba. Eles acham que tem chance (e a gente tem certeza!!!).
Segundo Alan, se tudo correr bem em 2019 estarão em New Castel na Inglaterra integrando a delegação como os primeiros atletas brasileiros com fibrose cística no mundial.
Conhecendo a história de Alan como você acabou de conhecer, quem tem coragem de duvidar?
Força, Alan! Estamos com você!
Nota importante: As informações aqui contidas tem cunho estritamente educacional. Em hipótese alguma pretendem substituir a consulta médica, a realização de exames e ou, o tratamento médico. Em caso de dúvidas fale com seu médico, ele poderá esclarecer todas as suas perguntas.
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